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Estadão: no lugar do jornal, uma silhueta turva e evelhecida do jornalismo que construiu sua tradição |
Em segundo lugar, essa história da compatibilidade invertida entre os dois perfis simultâneos com os quais abri o post: credibilidade jornalística e sucesso empresarial. Digo invertida pois no balanço que me serviu de exemplo para os estudantes, a primeira se sobrepõe à segunda - como estratégia; agora, a segunda se sobrepõe à primeira, também como estratégia mas a partir de um outro pressuposto: não há fidelidade a ser consolidada porque o tudo ou nada pela sobrevivência econômica parece ter colocado a coerência editorial - e as virtudes que construíram as marcas do jornal - num distante 2o. lugar. Nessa linha de raciocínio que parece comandar hoje as decisões macro dessas empresas duvido muito que o jornalismo, tal como o conhecemos, sobreviva.
Dia desses li o texto Retomadas, de Perry Anderson, publicado pela editora Record na antologia da New Left Review organizada pelo professor Emir Sader. Anderson faz um balanço da revista e procura explicar aos leitores as complicadas razões de seu sucesso tantas foram as vicissitudes que o pensamento livre enfrentou no pós-guerra. Lá pelas tantas, me parece que a NLR encontrou seu êxito numa fórmula muito parecida com a de outros veículos: "intersecção da inovação estética com a filosofia e a política", "vitalidade" herdeira de seu projeto original, tanto a defesa de princípios "quanto a capacidade destes [periódicos] em decifrar o curso dos acontecimentos no mundo". E mais um pouco: como "a perda de visão editorial decreta a derrota intelectual", é preciso evitá-la a todo custo, porque "jornais políticos não têm escolha a não ser manterem-se honestos consigo mesmos, e precisam almejar estender sua vida concreta para além das condições e da geração das pessoas que os trouxeram à vida".
Pois esses ingredientes de uma publicação séria e comprometida é tudo o que as reformas dos grandes jornais brasileiros não têm. E o exemplo dado agora pelo Estadão parece confirmar a regra, lamentavelmente.
Sobre o mesmo assunto, sugiro a leitura dos textos publicados no Observatório da Imprensa:
* Sem tempo para leitura, Sylvia Debossan Moretzsohn
* Cabeças de papel, Luiz Egypto
* A montanha pariu o rato, Luciano Martins Costa
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Sobre o mesmo assunto, sugiro a leitura dos textos publicados no Observatório da Imprensa:
* Sem tempo para leitura, Sylvia Debossan Moretzsohn
* Cabeças de papel, Luiz Egypto
* A montanha pariu o rato, Luciano Martins Costa
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